Administração de educação musical da Venezuela ganha prêmio em Frankfurt

Enquanto o Ministério da Cultura brinca de gato e rato com empresários e banqueiros para intermediar patrocínios a projetos culturais de índole controversa, e o demo-prefeito da maior cidade da América Latina brinca de virada, vem de Frankfurt a resposta para alguns temas negligenciados aqui, como a educação musical.

79 mil visitantes em 2009 mantiveram a Musikmesse como líder das feiras de instrumentos e equipamentos musicais do planeta. Foram 1.558 exibidores de 30 mil instrumentos. Mas uma premiação, dentre várias do evento, mostra como o ensino musical no Brasil perde de goleada para – pasmem os neocons – a Venezuela.

O prêmio Frankfurt Music Prize foi para o Dr. José Antonio Abreu (foto), criador do Sistema de las Orquestas Juveniles e Infantiles de Venezuela, que leva crianças e jovens de famílias pobres para a música de orquestra, na Sinfónica de La Juventud Venezolana Simón Bolívar, fundada em 1975 nas favelas conhecidas como “barrios” na Venezuela.

O Sistema do Dr. José, que além de maestro e professor é economista, pega crianças a partir de dois anos em escolas de música espalhadas pelas regiões mais pobres do país para aprenderem a tocar um instrumento, e depois participarem de orquestras e corais. Há hoje 120 dessas orquestras jovens, 60 orquestras de crianças e inúmeros corais.

Paralelo ao estudo musical, a iniciativa venezuelana oferece orientação e ajuda social, na forma de comida, roupas e assistência a casos de violência familiar. São oferecidos ainda vários cursos de luteria, reparos em instrumentos, programas de terapia musical e centros para o estudo de Acústica e Musicologia. Já atenderam 250 mil jovens até agora.

O trabalho do Dr. José é inédito na América do Sul, causou uma verdadeira renascença cultural no seu país, provando que através da música as crianças e jovens tiveram seu aproveitamento escolar, de trabalho e de relacionamentos sociais melhorados. Um sistema nacional de educação musical campeão, sem viradas e sem intermediação.

O Frankfurt Music Prize contempla as áreas de interpretação, composição, musicologia e educação musical. O prêmio em dinheiro (15 mil euros) é dado pela Federal Association of German Musical Instrument Manufacturers, e alterna entre a música erudita e a popular. Em 2010 o foco será na popular. Vejam os últimos premiados:

2003 Walter Levin (violinist e professor de música de câmara)
2004 Udo Lindenberg (músico de rock)
2005 György Ligeti (compositor)
2006 Peter Gabriel (músico de rock))
2007 Peter Eötvös (maestro e compositor)
2008 Paquito D’Rivera (saxofonista, clarinetista e compositor)
2009 Dr. José Antonio Abreu (maestro, compositor e educador)